Cláudia Rodrigues Barbosa
MARCELO G. RIBEIRO/JC
A esquina formada pelo cruzamento entre as avenidas Ipiranga e Azenha é um dos pontos da Capital onde o solo apresenta nível de fertilidade acima do considerado satisfatório, segundo a Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Smam). Com previsão de entrega em dezembro, o Mapa de Fertilidade do Solo Urbano de Porto Alegre pesquisou amostras de terra coletada em todos os bairros da cidade durante três anos.
Um dos pontos com solo mais fértil fica no cruzamento entre as avenidas Ipiranga e Azenha
O estudo permite identificar a qualidade do terreno para projetar plantio e criação de jardins em espaços públicos e privados, “visando a economizar com a aquisição de materiais muitas vezes desnecessários, como terra vegetal”, afirma o engenheiro-agrônomo Luiz Antônio Piccoli, da Smam. Como coordenador da ação realizada mediante convênio com a Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária, ele detalha que, na zona próxima ao referido ponto, foram encontrados em grande escala os elementos nutritivos mais importantes no solo, como potássio, fósforo e nitrogênio.
Tal fator explicaria, em parte, o motivo pelo qual os ipês-roxos da esquina da avenida Ipiranga com a rua Santana reagiram diferente mente dos outros exemplares da espécie ao veranico de agosto, mantendo uma floração mais longa que o habitual. Neste ano, os ipês-roxos floresceram antes por conta da sequência de dias com a temperatura chegando a 30 graus no inverno.
“Ali a flor durou mais. É como se essas árvores fossem mais saudáveis do que as outras e conseguissem se defender melhor das variações dos termômetros, já que as estações do ano não são mais tão bem definidas”, diz o engenheiro-agrônomo. Piccoli contextualiza que os ipês demonstram imediatamente o quanto são sensíveis às mudanças climáticas. “Quando está frio, a planta diminui a trajetória da seiva e entra num descanso vegetativo. Quando faz calor, ocorre o processo inverso. E isso altera a floração, fazendo-a chegar antes ou depois do esperado”.
Apesar do choque térmico sofrido, ele garante que a vegetação não foi prejudicada. “Porto Alegre possui uma beleza ímpar de arborização, e agora sabemos que o solo é realmente muito fértil em vários lugares. O maior mal que se pode fazer às árvores é quebrar seus galhos ou depredá-las”, avisa.
Fonte: http://jcrs.uol.com.br/site/noticia.php?codn=102740
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