quinta-feira, 3 de maio de 2012

Governo muda poupança

Medida está embutida nos planos de Dilma Rousseff para retomar crescimento. Falta definir a data


Alteração na rentabilidade da caderneta precisará de apoio do Congresso<br /><b>Crédito: </b> VINÍCIUS RORATTO / CP MEMÓRIA
Alteração na rentabilidade da caderneta precisará de apoio do Congresso
Crédito: VINÍCIUS RORATTO / CP MEMÓRIA
 
 
Brasília - A presidente Dilma Rousseff inicia nessa semana uma rodada de reuniões com centrais sindicais, empresários e Conselho Político. O foco é reforçar a necessidade de medidas para garantir o crescimento econômico do país. A estratégia para esses encontros foi discutida ontem entre o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e a presidente.

A senha para novas mudanças na economia foi reforçada com a sinalização do Banco Central (BC), na semana passada, de que os juros podem continuar caindo. Entre as medidas que o governo estuda está a redução da rentabilidade da caderneta de poupança. Os estudos do governo estão concluídos e a avaliação está apenas na definição do timing para a divulgação da proposta.

Hoje, Dilma se reúne com líderes governistas e partidários, que formam o Conselho Político. Em seguida, ela terá um encontro com sindicalistas. No início da tarde, está prevista uma reunião com empresários. Embora a situação do Brasil esteja distinta dos países europeus, um agravamento da crise na zona do euro, com mais países sendo arrastados para a recessão, força o governo a buscar saída para o aumento da produção e do fortalecimento do mercado interno.

Apesar de o governo trabalhar com a expectativa de um crescimento de 4,5%, a sondagem do mercado revelada na última pesquisa Focus, do BC, estima um crescimento de 3,2% do Produto Interno Bruto (PIB).

Esse é o momento ideal para a presidente colocar o que pretende como resultado de sua política econômica. Ela desfruta de uma elevadíssima popularidade que dá amparo à intensidade de suas posições contrárias à alta dos juros e dos spreads bancários. Como se trata de uma matéria polêmica e que depende do apoio do Congresso para sua aprovação, o governo precisa eliminar as barreiras políticas e desconstruir o discurso da oposição de que está alterando o rendimento da poupança, como fez o ex-presidente Collor.

Paralelamente, Dilma mantém no ringue as instituições financeiras, que na sua avaliação podem baratear o custo dos empréstimos. Apesar disso, o governo se preocupa em não desestruturar o mercado financeiro, principalmente os fundos de investimento que, com a redução dos juros, perdem atratividade.

Ainda não se percebe uma migração forte dos recursos dos fundos para a poupança, mas uma queda mais acentuada dos juros obrigará a uma redução da tributação dos fundos.


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