O Programa Minha Casa Minha Vida, que assumiu a meta de construir 1 milhão de casas e apartamentos em sua primeira fase, não entregou 200 mil moradias até agora. Anunciado em 13 de abril de 2009, o programa federal de acesso à casa própria a famílias com renda máxima de 10 salários mínimos pressiona o valor dos imóveis desde o começo deste ano.
O presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci-SP) José Augusto Viana Neto comenta que a proposta de integrar ao programa imóveis usados está parada no Ministério das Cidades. Em contrapartida, o governo já reajustou o teto do valor do imóvel a ser financiado pelo Minha Casa, que saltou de até R$ 130 mil para até R$ 170 mil com apenas 22 meses de programa. “O que no país teve reajuste de 34% neste período?”, argumenta o presidente do Creci-SP. Ele emenda que mesmo sendo um aumento válido somente para a região Metropolitana de São Paulo, há reflexos no mercado imobiliário em todo o país.
Para Viana Neto, o Brasil possui 4,5 milhões de imóveis usados vagos para a comercialização sendo que 2 milhões atendem os requisitos do Minha Casa Minha Vida. Ele frisa que a abertura do programa ao usado colaboraria para o equilíbrio do preço de mercado das moradias.
O presidente do Creci-SP define que há uma visão equivocada de que os corretores teriam interesse no aumento do valor dos imóveis, quando na realidade o seguimento deseja preços estáveis. “É nosso interesse para que o programa, que é muito bom, não seja prejudicado e pare”, destaca.
O valor de imóveis novos está distante da estabilidade desde o início do ano. Viana Neto não pestaneja ao citar que interessa à indústria da construção, incorporadoras e bancos os valores absurdos de moradias. “Porque ainda não construíram 1 milhão de casas”, questiona.
Ele cita que os imóveis usados também atenderiam a compradores que, atualmente, colocam suas vidas e de familiares em risco morando em locais precários, como encostas de morro.
Viana Neto esteve ontem em Bauru para discutir a proposta de incorporação dos usados ao Minha Casa Minha Vida com corretores de imóveis. Também abordaria a fiscalização que o Creci iniciou com análise da legalidade dos projetos e seu encaixe ao Programa. Viana Neto explica que o slogan “Minha Casa Minha Vida” é utilizado por empresas de maneira irregular, até com casos de tentativa de utilização indevida do subsídio financeiro para o financiamento de imóveis. Outro aspecto tratado pelo presidente do Creci-SP foi a disputa negativa para os profissionais do setor após o boom no setor habitacional, provocado pelo Minha Casa Minha Vida.
O presidente do Creci-SP define como “concorrência predatória” o desrespeito à tabela de honorários, criada há 68 anos. O conselho foi criado em 1962, portanto está próximo de completar 50 anos de existência. No Estado de São Paulo são 108 corretores inscritos no Creci e com 82 mil ativos. No Brasil existem 220 mil corretores.
José Augusto Viana Neto é vice-presidente do Conselho Federal de Corretores de Imóveis (Cofeci) e presidente do CRECI-SP.
Fonte: Jornal da Cidade – Bauru - SP
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