Puxada pela demanda crescente do meio
corporativo, ferramenta é cada vez mais utilizada na qualificação
profissional.
Coaching, uma palavra de origem inglesa, mas que tem gerado confusão
universal. Nos últimos anos, o termo caiu no gosto do meio corporativo, abrindo
um novo mercado na área de recursos humanos (RH). Dirigentes dos mais diversos
segmentos empresariais utilizam a ferramenta a fim de desenvolver competências
pessoais e, principalmente, profissionais. Mas, ao mesmo tempo em que a demanda
por esse tipo de serviço aumenta, crescem as dúvidas sobre como funciona a
atividade, quem está apto a conduzi-la e no que é possível utilizá-la.
“O papel do coach (o profissional que conduz o trabalho) é auxiliar o cochee
(cliente) a juntar as informações que ele precisa para alcançar um objetivo. É
algo customizado, feito de forma individual”, define Renato Morandi, coach
executivo há 10 anos e um dos organizadores do Encontro de Coaching &
Mentoring em Ação (www.acaoincoaching.com.br/comacao), evento que ocorre de
quinta-feira a sábado desta semana, na Pucrs. Morandi explica que o processo de
coaching é realizado em até 10 sessões, geralmente com espaços de 15 dias entre
elas. O preço de cada encontro pode variar de R$ 200,00 a R$ 600,00.
Os executivos são os principais usuários dessa ferramenta, utilizando-a para
ascender na carreira. Entre os objetivos mais comuns estão a melhora da
liderança e a preparação para assumir um cargo mais elevado. O coaching, no
entanto, não se restringe ao ambiente das companhias. “O coaching pode ser
aplicado a qualquer área. Uma mãe pode usá-lo para aprender o papel da
maternidade”, exemplifica a coach Margarete de Boni. Mesmo assim, a profissional
reconhece o peso dos empresários na procura pela atividade. “Cada vez mais há
foco no desenvolvimento das pessoas, o que ampliou a atenção ao coaching”,
complementa.
Nas sessões, o cliente é instigado pelo coach a encontrar a solução do seu
problema. Se ele quer ser um líder melhor, por exemplo, vai ser trabalhado para
adquirir as habilidades inerentes à liderança. E é aí que reside a grande
confusão sobre o conceito de coaching. Conforme sua aplicação, o processo pode
ser comparado equivocadamente à consultoria, terapia ou ao treinamento.
Por vezes, até mesmo quem contrata o serviço tem uma interpretação errada. “A
maioria das pessoas ainda não sabe o que é o coaching. Até mesmo alguns
profissionais de RH que buscam esse serviço para profissionais de suas empresas
não imaginam como essa ferramenta pode impactar na organização”, acredita
Margarete.
Neste sentido, Morandi lembra que distorção semelhante ocorreu na década de
1990 com o conceito de reengenharia. “As pessoas simplificavam reengenharia à
corte de gastos”, constata. Hoje, reengenharia caiu no esquecimento. Assim como
outros termos de RH, ganhou força durante um período e depois desapareceu.
Mas isso não deve ocorrer com o coaching, pelo menos na avaliação da coach
britânica Rosemary Napper. “O coaching veio para ficar porque é customizado
sobre as necessidades do indivíduo e das organizações. O processo pode prover
para executivos uma relação de longo prazo para balancear o isolamento do papel
de liderança que possuem”, acredita.
Brasil deve manter expansão da procura pelo serviço
O coaching começou a chamar a atenção dos brasileiros há pouco tempo. Por
isso, a coach Margarete de Boni acredita que ainda há bastante possibilidade de
expansão nos próximos anos. Segundo ela, há mais pessoas procurando a ferramenta
do que profissionais disponíveis no mercado. Neste sentido, mora um dos
principais desafios a serem driblados pela atividade: a qualificação dos
coches.
A falta de regulamentação do ofício fez com que os cursos da área se
disseminassem rapidamente. As opções vão das mais simplórias, com duração de
dois dias, às mais técnicas, programadas para até dois anos. “Não acho que seja
necessário ter uma associação, regra ou conselho para regular a profissão, como
em outras áreas. O mercado está muito aberto, mas começa a ter critérios de
contratação. Os clientes é que vão normatizar o mercado”, define Margarete.
Mesmo assim, a especialista defende que o coach se capacite permanentemente e
busque mais de um curso para construir uma bagagem. Só então ele estaria
efetivamente apto a trabalhar com o coaching.
A coach britânica Rosemary Napper ressalta que existem algumas instituições
formadoras que seguem um currículo padronizado, como a Federação Internacional
de Coaching (ICF, na sigla em inglês). Mas ela recomenda que o interessado em
contratar o serviço pesquise bastante antes de escolher. “Sugiro que o cliente
faça perguntas desafiadoras sobre as bases teóricas do coach em relação aos
indivíduos e organizações, além de verificar se ele compreende questões éticas
típicas das empresas”, diz. Segundo ela, é fundamental que o profissional da
área tenha em seu currículo referências na psicologia.
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