quinta-feira, 17 de novembro de 2011

América do Sul investe metade do que seria preciso em obras

Marcelo Beledeli
MARCO QUINTANA/JC
Demanda cresce mais rápido do que oferta de serviços, diz Wilmsmeier
Demanda cresce mais rápido do que oferta de serviços, diz Wilmsmeier
 
 
Os governos da América do Sul gastam em média 2% a 2,5% do PIB de seus países em obras de infraestrutura. No entanto, para contornar as deficiências que o continente no setor apresenta, seria necessário um investimento acima de 5%. A necessidade de mais gastos em infraestrutura e logística foi o tema principal na discussão nesta quinta-feira do VIII Congresso Internacional das Rotas de Integração da América do Sul. O evento, que se encerra nesta sexta-feira, reúne, na Capital, especialistas que analisam alternativas para os modais aeroviário, de comunicações, energético, ferroviário, hidroviário, portuário e rodoviário.

Durante a abertura, Gordon Wilmsmeier, oficial da Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (Cepal), órgão da Organização das Nações Unidas (ONU) sediado no Chile, destacou que a América do Sul teve um grande progresso na área de logística na última década. No entanto, também lembrou que a região possui demandas que crescem muito mais rápido do que a oferta de serviços proporcionada. "Há um gargalo que precisa ser eliminado. No entanto, temos que olhar além dos investimentos em infraestrutura básica, mas também para a organização desses serviços, através da integração de visões políticas de desenvolvimento entre os países."

De acordo com Wilmsmeier, entre os principais itens que devem ser focados na região estão a combinação dos modais ferroviário e rodoviários e o melhoramento dos portos. "Haverá fortes pressões quando o Canal do Panamá for alargado, fazendo que haja mais tráfego de grandes navios, e é preciso preparar os portos para receber essas embarcações", lembrou.

Para Günther Staub, diretor do Comitê das Rotas de Integração da América do Sul (Crias), entidade que organiza o congresso, a principal dificuldade que os países da região têm para efetivar investimentos que visam à integração logística é a falta de políticas governamentais com esse objetivo. "Temos muitas barreiras físicas e geográficas, mas o pior é a falta do conceito de integração. Esse objetivo só acontecerá se os governantes se derem conta da importância dessas ligações para a economia de cada país."

As principais recomendações feitas pelos integrantes do evento constarão em documento que traçará a política do Crias até 2013. Um dos objetivos do comitê é estabelecer o ano de 2020 como prazo para a conclusão dos principais projetos de infraestrutura no continente e a implantação de um projeto de gestão de governança que viabilize os investimentos na área.

Entre os principais projetos que o Crias pretende ver concluídos até 2020 estão os túneis do Aconcágua e de Água Negra, entre a Argentina e Chile, que devem melhorar o transporte ferroviário e rodoviário via Cordilheira dos Andes. Outro objetivo é o fortalecimento da integração no interior do continente através da navegabilidade dos rios e canais, com um sistema intermodal que alcance os principais portos nos oceanos Atlântico e Pacífico.

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