Relação de amor e ódio com viadutos

Vizinhos relatam como é a adaptação a uma rotina de barulho e poluição

Estruturas são criadas para aliviar o caos do trânsito Crédito: bruno alencastro Vizinhos dos viadutos de Porto Alegre mantêm uma relação de amor e ódio com essas estruturas, criadas para melhorar o fluxo do trânsito cada vez mais caótico nas grandes cidades. No início dos anos 1970, o prefeito Telmo Thompson Flores iniciou a construção do Túnel da Conceição, que foi entregue à população em 8 de agosto de 1972, para fazer a ligação entre a elevada da Conceição e a avenida Osvaldo Aranha. Hoje, a estrutura apresenta um fluxo praticamente ininterrupto de automóveis, caminhões e ônibus, alterando a rotina de quem mora ao lado. Há três anos, quando deixou Santo Ângelo para morar em Porto Alegre, a restauradora Ivone Silveira comprou um apartamento em prédio localizado na lateral do viaduto de acesso ao túnel. Ela relata ter enfrentado dificuldades de adaptação no primeiro ano. "Nunca chorei tanto na minha vida. Imaginava algum transtorno por causa do barulho, mas menosprezei o tamanho do movimento na região. A dificuldade para dormir é enorme. Além disso, a poluição exige que eu limpe o apartamento mais de uma vez por dia, caso contrário fica tudo preto", relata. Com o passar do tempo, Ivone foi se adaptando ao vizinho. "Reforcei o isolamento da janela do quarto e coloquei ventiladores e ar-condicionado em várias peças para aguentar o verão. A conta de luz quase triplica, mas sem isso não teria como suportar." Outro viaduto da Capital de grande movimento fica na avenida João Pessoa. A funcionária pública Maria Madalena Oliveira Silva mora na região há 20 anos. Entre os pontos negativos, ela destaca a desvalorização do imóvel e a concentração de moradores de rua nas proximidades. "Os apartamentos de três dormitórios no edifício são avaliados em R$ 180 mil. Com esse dinheiro não se acha nada parecido em outros pontos da cidade", lamenta. Maria Madalena ressalta que o viaduto Imperatriz Leopoldina acaba concentrando moradores de rua e traficantes. Fonte:  http://www.correiodopovo.com.br/Impresso/?Ano=117&Numero=37&Caderno=0&Noticia=356801