segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Coaching ainda alimenta dúvidas no mercado

Puxada pela demanda crescente do meio corporativo, ferramenta é cada vez mais utilizada na qualificação profissional.

Coaching, uma palavra de origem inglesa, mas que tem gerado confusão universal. Nos últimos anos, o termo caiu no gosto do meio corporativo, abrindo um novo mercado na área de recursos humanos (RH). Dirigentes dos mais diversos segmentos empresariais utilizam a ferramenta a fim de desenvolver competências pessoais e, principalmente, profissionais. Mas, ao mesmo tempo em que a demanda por esse tipo de serviço aumenta, crescem as dúvidas sobre como funciona a atividade, quem está apto a conduzi-la e no que é possível utilizá-la.


“O papel do coach (o profissional que conduz o trabalho) é auxiliar o cochee (cliente) a juntar as informações que ele precisa para alcançar um objetivo. É algo customizado, feito de forma individual”, define Renato Morandi, coach executivo há 10 anos e um dos organizadores do Encontro de Coaching & Mentoring em Ação (www.acaoincoaching.com.br/comacao), evento que ocorre de quinta-feira a sábado desta semana, na Pucrs. Morandi explica que o processo de coaching é realizado em até 10 sessões, geralmente com espaços de 15 dias entre elas. O preço de cada encontro pode variar de R$ 200,00 a R$ 600,00.

Os executivos são os principais usuários dessa ferramenta, utilizando-a para ascender na carreira. Entre os objetivos mais comuns estão a melhora da liderança e a preparação para assumir um cargo mais elevado. O coaching, no entanto, não se restringe ao ambiente das companhias. “O coaching pode ser aplicado a qualquer área. Uma mãe pode usá-lo para aprender o papel da maternidade”, exemplifica a coach Margarete de Boni. Mesmo assim, a profissional reconhece o peso dos empresários na procura pela atividade. “Cada vez mais há foco no desenvolvimento das pessoas, o que ampliou a atenção ao coaching”, complementa.

Nas sessões, o cliente é instigado pelo coach a encontrar a solução do seu problema. Se ele quer ser um líder melhor, por exemplo, vai ser trabalhado para adquirir as habilidades inerentes à liderança. E é aí que reside a grande confusão sobre o conceito de coaching. Conforme sua aplicação, o processo pode ser comparado equivocadamente à consultoria, terapia ou ao treinamento.

Por vezes, até mesmo quem contrata o serviço tem uma interpretação errada. “A maioria das pessoas ainda não sabe o que é o coaching. Até mesmo alguns profissionais de RH que buscam esse serviço para profissionais de suas empresas não imaginam como essa ferramenta pode impactar na organização”, acredita Margarete.

Neste sentido, Morandi lembra que distorção semelhante ocorreu na década de 1990 com o conceito de reengenharia. “As pessoas simplificavam reengenharia à corte de gastos”, constata. Hoje, reengenharia caiu no esquecimento. Assim como outros termos de RH, ganhou força durante um período e depois desapareceu.

Mas isso não deve ocorrer com o coaching, pelo menos na avaliação da coach britânica Rosemary Napper. “O coaching veio para ficar porque é customizado sobre as necessidades do indivíduo e das organizações. O processo pode prover para executivos uma relação de longo prazo para balancear o isolamento do papel de liderança que possuem”, acredita.

Brasil deve manter expansão da procura pelo serviço


O coaching começou a chamar a atenção dos brasileiros há pouco tempo. Por isso, a coach Margarete de Boni acredita que ainda há bastante possibilidade de expansão nos próximos anos. Segundo ela, há mais pessoas procurando a ferramenta do que profissionais disponíveis no mercado. Neste sentido, mora um dos principais desafios a serem driblados pela atividade: a qualificação dos coches.


A falta de regulamentação do ofício fez com que os cursos da área se disseminassem rapidamente. As opções vão das mais simplórias, com duração de dois dias, às mais técnicas, programadas para até dois anos. “Não acho que seja necessário ter uma associação, regra ou conselho para regular a profissão, como em outras áreas. O mercado está muito aberto, mas começa a ter critérios de contratação. Os clientes é que vão normatizar o mercado”, define Margarete. Mesmo assim, a especialista defende que o coach se capacite permanentemente e busque mais de um curso para construir uma bagagem. Só então ele estaria efetivamente apto a trabalhar com o coaching.


A coach britânica Rosemary Napper ressalta que existem algumas instituições formadoras que seguem um currículo padronizado, como a Federação Internacional de Coaching (ICF, na sigla em inglês). Mas ela recomenda que o interessado em contratar o serviço pesquise bastante antes de escolher. “Sugiro que o cliente faça perguntas desafiadoras sobre as bases teóricas do coach em relação aos indivíduos e organizações, além de verificar se ele compreende questões éticas típicas das empresas”, diz. Segundo ela, é fundamental que o profissional da área tenha em seu currículo referências na psicologia.


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