quinta-feira, 19 de abril de 2012

Parte da verba para reforma sumiu

 

desinteresse: condôminos têm dificuldade para escolher síndico<br /><b>Crédito: </b> Pedro Revillion
desinteresse: condôminos têm dificuldade para escolher síndico
Crédito: Pedro Revillion


 
"Quando um episódio de mau uso do dinheiro público em Brasília é noticiado, causa indignação. Mas quando um caso semelhante acontece à nossa porta, com o nosso dinheiro, a sensação é pior, porque além de termos sido lesados financeiramente, nos sentimos enganados moralmente por pessoas que dividem o mesmo edifício com a gente, que sobem no elevador conosco. Cada vez que o vejo, lembro do quanto fui subestimada", diz a moradora de um pequeno edifício, de 32 apartamentos, na rua Demétrio Ribeiro, no Centro Histórico de Porto Alegre.

Ela conta que há mais de três anos os moradores estão economizando - através de uma chamada extra mensal - para uma grande e necessária reforma do prédio, de quase 30 anos. Para isso foi aberta uma conta bancária, em nome do condomínio, onde mensalmente a imobiliária que o administrava depositava a quantia recolhida. Para surpresa de todos, quando feitos os orçamentos para a realização da obra, foi constatado que faltava, pelo menos, um terço do valor total arrecadado na referida poupança. "Retiramos um extrato bancário da conta e descobrimos que o síndico vinha sacando quantias consideráveis nos últimos meses. No Natal, retirou cerca de R$ 4 mil. Somente ele tinha acesso à conta", relata a moradora.

Descobertos os saques indevidos - o valor daria para comprar um bom carro popular -, para bloquear a conta o banco exigiu a assinatura da subsíndica. "Para sacar, bastava o cartão no caixa automático. Nada era exigido pelo banco", observa. "Sabemos que esse dinheiro não irá retornar tão cedo. Talvez somente via judicial. Ainda não sabemos que atitude tomar. Teremos que decidir em reunião. A situação é muito complicada, porque o prédio é pequeno, todos se conhecem. E o pior de tudo: muitos de nós fazem um mea-culpa, por não termos conferido a conta periodicamente. Fomos omissos na fiscalização do nosso próprio dinheiro. Imagina se vamos controlar as verbas públicas", comenta.

Outra questão que a moradora - a qual não quis se identificar - levanta é em relação ao fato de que ninguém quer mais ser síndico, mesmo que o escolhido tenha alguns benefícios, como ficar isento da taxa condominial. "É raro alguém querer assumir essa função, mesmo remunerado. Então, acabamos colocando pessoas que não são preparadas para o cargo, não possuem boas referências, mas as aceitamos assim mesmo porque não há outro morador que queira. E no fim, todos somos prejudicados. Tenho certeza que isso não acontece só no meu prédio, mas em outros. Conheço casos semelhantes por aí", desabafa.


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