JEFATURA TRAFICO: em Granada, o edifício da
Delegacia de Trânsito é projeto de um prédio público que interage com a
arquitetura do bairro Crédito: JOSÉ MARIA PLAZA ESCRIVÁ / DIVULGAÇÃO /
CP
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A Europa está vivendo grave crise econômica e por isso uma
importante alternativa para melhorar as finanças é criar atrações turísticas.
Com essa meta, os governos dos países europeus investem cada vez mais em obras
arquitetônicas assinadas. São muitos os prédios "de autor", projetados por
renomados arquitetos, que valorizam as cidades porque são alvo de visitas
ininterruptas. O comentário do arquiteto espanhol José Maria Plaza Escrivá não
causa surpresa a quem tem o privilégio de viajar para o exterior, apenas
reafirma a tendência mundial de se erguer edifícios "dignos de figurar em um
cartão-postal". O mesmo investimento se faz nos ricos países do Oriente Médio e
nos Estados Unidos. Muitos deles abrigam aeroportos, shopping centers, museus,
estações de trem e centros de eventos. Economias frágeis como a da própria
Espanha, Grécia, Portugal, França e Itália sobrevivem do dinheiro trazido pelos
turistas.
"Edifícios singulares, ultramodernos, assinados por arquitetos
da moda, que chamam a atenção pela beleza e originalidade. Que valorizam e
promovem as cidades. As obras utilizam o que existe de mais avançado em
materiais de construção e tecnologia", comenta Escrivá, que conhece bem a Europa
e o Brasil, principalmente o Rio Grande do Sul, onde se dedica ao estudo dos
Povos Missioneiros. Ele comenta que em Madri, onde tem residência fixa, o
governo está aplicando verbas na ampliação do museu Reina Sofia, e na vizinha
Valência, no Museu de La Modernidade.
Formado pela Escola Técnica
Superior de Arquitetura de Madri, onde ministrou aulas, Escrivá projetou
edifícios com funções sociais em toda a Espanha. Sua trajetória profissional
esteve fortemente vinculada a Toledo, declarada Patrimônio da Humanidade pela
Unesco. Na cidade medieval, com objetivo de preservar o estilo histórico do
lugar, projetou, no século XX, o Edifício Trinidad (capa), com salas comerciais
e garagens. "São obras atuais que interagem com o que já existe, sem mudar o
perfil da cidade", cita. Por outro lado, na Espanha são construídas unidades
habitacionais populares, com casas e apartamentos mais simples e de custo
acessível. "Também vivemos uma bolha imobiliária, mas só que ao contrário do que
acontece aqui, não há dinheiro e tampouco crédito disponível para aquisição
dessas moradias. Há muito desemprego e os imóveis estão encalhados",
descreve.
Vivendo, atualmente, metade do ano no Brasil, onde conhece
quase todos os estados, Escrivá comenta que o país passa pelo seu melhor momento
econômico, principalmente por causa da descoberta do petróleo pré-sal e
abundância de matéria-prima, como os minérios de Minas Gerais. "Há seis anos
tenho vindo para cá e percebo o quanto o país está crescendo. Surpreende o
desenvolvimento do Nordeste. O momento é muito favorável e se está pensando no
futuro, mesmo que paralelamente esteja acontecendo o desmantelamento da
indústria de porte médio", opina. "Mas, ao contrário de outros países, não há
obras arquitetônicas que representem essa pujança. Com exceção de Brasília, com
belos prédios assinados por renomados arquitetos", frisa.
Quanto a Porto
Alegre, "cidade que conhece bem e da qual gosta muito", Escrivá tem o mesmo
comentário: "Arquitetonicamente não é bonita. São raras as edificações
singulares, que merecem registro fotográfico. Destaque apenas para os prédios
centenários do Centro Histórico e para o Museu Iberê Camargo, do profissional
português Álvaro Siza". "Esperamos que a remodelação do Cais do Porto mude esse
perfil, assim como aconteceu em Barcelona e em Buenos Aires, onde os portos
velhos e obsoletos foram reformados, mudaram radicalmente a paisagem da orla e
atraem turistas do mundo todo", diz.
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