sábado, 14 de abril de 2012

Arte esculpida em ferro


DESENHOS DE PAREDE: peças em ferro que podem incluir suporte de madeira
Crédito: TARSILA PEREIRA
O escultor Marcelo Mello não se arrepende de ter trocado o efervescente e valorizado mercado artístico de São Paulo, onde atuou por dez anos, pelo Rio Grande do Sul. Desde que voltou a Porto Alegre, em 2009, e montou seu ateliê, não dá conta de tantas encomendas de trabalho, principalmente as originais esculturas de ferro resinado para a decoração dos condomínios fechados de médio e alto padrão que estão se proliferando pelo Litoral Norte. "Minhas esculturas de ferro são ideais para lugares com maresia porque são banhadas em uma resina náutica especial, o que as torna muito resistentes", explica o artista. Após a venda da peça, Mello faz um acompanhamento de como ela irá se adequar ao local, uma espécie de manutenção da arte.

"Ao receber uma encomenda, preciso conversar com o cliente, saber exatamente que imagem ele deseja. Vou até a sua casa, fotografo o espaço onde a obra será colocada e depois de entregá-la continuo mantendo um vínculo com ele, o visito eventualmente", diz Mello, salientando que todas as suas peças são únicas e personalizadas. Entre o pedido, a concepção da escultura e a montagem final, passam-se 15 dias, com contatos constantes entre artista e cliente. A sua matéria-prima é o ferro em linha, novo, comprado diretamente das siderúrgicas, por intermédio de atacadistas que lhe entregam em barras de seis metros.

O escultor comenta que um dos vários motivos que o trouxe de volta à capital gaúcha é uma lei recém-aprovada pela Câmara de Vereadores que determina que prédios com mais de 2 mil metros quadrados de área construída têm que ter um objeto artístico assinado. "Essa exigência com certeza trará mais trabalho para os artesãos. É elogiável a iniciativa. Bom para os artistas e para a cidade", salienta.

Mello se dedica há 27 anos à paixão de esculpir, ofício que conheceu aos 18 anos, quando frequentou o Atelier Livre da Prefeitura de Porto Alegre. "Ali foi onde tive o meu maior aprendizado, uma escola de alto nível. Meu professor foi Cláudio Martins Costa, que formou muitos escultores", descreve. Desde então, fez muitos cursos de aprimoramento e hoje é professor. Em seu ateliê também dá aulas a interessados em geral. Além do trabalho em ferro, confecciona peças em cerâmica e bronze. Há, ainda, peças modeladas em cerâmica e fundidas em bronze e alumínio, montadas com cristais, miçangas e contas acrílicas em fios de vários comprimentos. Chamam atenção suas séries de desenhos de parede, a linha de ferro resinado intitulada "Sois" e os móbiles "Ventos da Boa Sorte".

Falando de sua trajetória profissional, Mello comenta que considera o principal marco da sua carreira ter realizado sua primeira exposição individual na conceituada galeria da Caixa Econômica Federal, em 2002, sobre Orlando Vilas Boas e os índios brasileiros. "Foi o divisor de águas. Divido minha vida profissional em duas partes: antes e depois desta exposição, quando aprimorei meu estilo e expus meu trabalho junto com outros 19 renomados escultores", recorda.

Destacam-se entre as criações do escultor os móveis feitos de ferro, que são muitas vezes locados para eventos. Entre eles, as charmosas "namoradeiras", onde cabem exatamente duas pessoas apaixonadas. O seu ateliê Tamanduá Bandeira funciona em horário comercial, das 9 às 19h, e fica no bairro Santa Cecília, na rua Juvenal Muller, 69B.


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