domingo, 13 de novembro de 2011

A farra dos preços dos imóveis continua

O valor dos imóveis segue em disparada no Rio de Janeiro e em Recife — a boa notícia para quem quer comprar é que, em São Paulo, a euforia diminuiu

 
O trecho da rua Prudente de Moraes entre as ruas Aníbal de Mendonça e Garcia d’Ávila, no coração de Ipanema, é o tipo de lugar onde é praticamente impossível construir.
 
A não ser que se coloque um prédio abaixo para fazer outro. Por isso, o terreno de 1 800 metros quadrados onde funcionou por anos a escola Chapeuzinho Vermelho representava, para Zylbersztajn, uma oportunidade única.

As negociações com os mais de 40 herdeiros da escola levaram mais de uma década — até que a construtora conseguiu colher as assinaturas de todos eles.

Pelo terreno, a RJZ Cyrela pagou 80 milhões de reais. Resultado direto de tanta escassez, o preço cobrado pela construtora pelos imóveis do novo prédio não tem precedentes.

O metro quadrado das unidades mais altas, que terão vista para a praia, custará 50 000 reais. “Antes de começarmos as vendas, já tínhamos uma fila de espera com 375 candidatos, sendo 28% investidores e 72% pessoas que estão esperando há anos para ter um imóvel na orla do Rio”, diz Zylbersztajn. É o lançamento com metro quadrado mais caro da história do país.

O lançamento do novo prédio da Cy­rela é a maior evidência da euforia que cerca o mercado imobiliário brasileiro. Há seis meses, quando o instituto Ibope Inteligência mediu a variação nos preços de imóveis no país, constatou-se que nenhum mercado estava valorizando no mesmo ritmo do brasileiro: de 2010 a 2011, os preços aumentaram 25%, em média.

Muitos suspeitaram que a disparada pararia por ali: o mercado, atingido o teto, entraria numa trajetória menos acelerada de crescimento. No último trimestre, o Ibope Inteligência atualizou os números em quatro capitais: Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro e São Paulo.

E a constatação dos pesquisadores é: a euforia continua firme e forte. Mas, hoje, São Paulo — o maior mercado do país — cresce num ritmo inferior ao do Rio de Janeiro.

Oba-oba

O mercado carioca assiste a um Oba-oba que, em alguns casos, desafia a lógica. Em média, o metro quadrado valorizou 18% entre abril e outubro.

A região que abrange bairros como Alto da Boa Vista, Andaraí e Grajaú, na zona norte, teve a maior valorização da cidade. Só no Maracanã, também zona norte, o preço do metro quadrado subiu 50% nos últimos seis meses.

“As regiões mais periféricas estão sendo pacificadas, e as obras de infraestrutura estão chamando a atenção de quem deseja comprar um imóvel no Rio. Essa expansão deve continuar até 2016”, diz Zylbersztajn.

Como demonstra o caso do prédio da RJZ Cyrela em Ipanema, a escassez de terrenos na zona sul segue impulsionando os preços: o metro quadrado do imóvel mais caro desse lançamento custará o mesmo que em Londres e Hong Kong, alguns dos mercados mais caros do mundo.

A euforia no Rio se deve, em grande parte, às obras de infraestrutura e aos investimentos em segurança que estão sendo feitos para receber a Olimpíada.

Sem isso, é bem provável que o comportamento dos preços na cidade fosse parecido com o de São Paulo e Porto Alegre, onde a valorização dos imóveis começou a perder força, segundo a pesquisa do Ibope.

Em São Paulo, cidade que mais valorizou em 2010, os preços continuam crescendo, mas num ritmo menor: 14% de abril a outubro. Entre abril de 2010 e abril de 2011, a valorização foi de 31%. “Nos últimos dois anos, nós vendíamos um empreendimento em São Paulo em dois meses.

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