segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Árvores podadas pela Smam viram lenha em Porto Alegre


Cristina Duarte

FREDY VIEIRA/JC
Metade do material recebido é reaproveitado
Metade do material recebido é reaproveitado
 
 
O comércio de lenha em Porto Alegre é visto em diversas ruas da cidade, normalmente em pequenos caminhões repletos de madeiras já ensacadas. Quatro sacos pequenos de lenha de acácia são vendidos por R$ 10,00. O que muitos desconhecem é a existência de um local onde qualquer pessoa pode encher o porta-malas do carro com lenha por menos de R$ 5,00, ou comprar uma caçamba cheia por R$ 35,00. Essa diferença de valores é encontrada na Unidade de Triagem e Compostagem (UTC), que fica na Lomba do Pinheiro. A UTC, gerenciada pelo Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU), recebe resíduo domiciliar para compostagem desde o ano 2000. A partir de 2009 a unidade começou a receber o material de poda das árvores realizada pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Smam).

As madeiras são divididas em duas categorias, as que podem ser aproveitadas para a venda à população e olarias e as que servirão de composto orgânico, vendido para floriculturas e doado para algumas entidades. No início, a UTC recebia 55 toneladas de material por mês, agora são 270 toneladas, 50% é reaproveitado, os outros 50% são enviados para o aterro sanitário de Minas do Leão.

“Se essa lenha não fosse reaproveitada, iria tudo para o aterro, uma viagem de 100 quilômetros. Não conseguimos fazer o reaproveitamento total porque só dispomos de um triturador. Precisamos de investimento para reaproveitar mais”, afirma a responsável técnica da UTC, engenheira-química Mariza Reis. A lenha é vendida por metro cúbico a R$ 7,00. Por mês, são vendidos 250 metros cúbicos, o que daria 40 caçambas de madeira reaproveitada.

Há dois invernos, a comerciante Mercedes Mariotti Lunardelli compra lenha na UTC para o consumo da família. Esse ano, com R$ 15,00, levou para casa um caminhão cheio de madeira de poda. “É muito mais barato. Mas, para comprar em grande quantidade, precisa ter um espaço para estocar para o inverno todo”, diz Mercedes.

Os valores da venda são repassados para a Associação de Triagem e Compostagem da Lomba do Pinheiro, que conta com 90 catadores. Além do material das podas e composto orgânico, a associação trabalha com material reciclável.

“Muitas pessoas não têm condições de conseguir emprego com carteira assinada e tem na associação uma oportunidade para sustentar a família, é uma boa ajuda”, diz a coordenadora da associação, Lidiane de Jesus Oliveira. Lidiane trabalha há cinco anos na associação, antes cuidava de crianças em casa. Trocou de emprego porque o salário é maior. O esposo também é catador. Com a renda conjunta, o casal cria dois filhos pequenos. Em média, a instituição, que também recebe repasse da prefeitura e lucra com a venda do material reciclado, arrecada R$ 50 mil por mês. Esse valor é dividido entre todos os trabalhadores, com a venda da lenha são lucrados R$ 4 mil ao mês.
 
 

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