quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Crescimento exige investimento público

 

ANDARES: 11 pavimentos, em ruas internas
Crédito: PAULO NUNES

A construção de prédios altos em bairros tradicionalmente residenciais está prevista no Plano Diretor aprovado pelos vereadores e pelo prefeito, que politicamente representam os cidadãos de Porto Alegre. "É o que a cidade quer, substituir as antigas casas térreas por edificações de muitos andares", observa o novo presidente do IAB-RS - Instituto de Arquitetos do Brasil - Departamento do Rio Grande do Sul - Tiago Holzman da Silva. Ele lembra que esse crescimento vertical dos bairros centrais, como Cidade Baixa, Centro, Bom Fim e Menino Deus está dentro das determinações do PDDUA, revisado em 2009 pelo poder público municipal.

Questionado se considera positiva essa substituição, Holzman é taxativo: prédios altos só deveriam ser construídos em avenidas, jamais no "miolo" dos bairros antigos. E tem uma explicação para isso: "É um erro! Não há infraestrutura suficiente para atender à demanda de todos esses apartamentos. A atual rede de água, esgoto e energia elétrica não suportará. O custo para atender esse aumento de usuários é alto porque é preciso ampliar a rede de abastecimento e para isso é necessário investimento público. E aí pergunto: quem irá bancar isso? As construtoras? Não, certamente serão os contribuintes, que nem sequer moram nesses modernos prédios altos", contesta. Além disso, argumenta o presidente do IAB-RS, essas novas unidades habitacionais, que irão trazer para o bairro milhares de novos moradores e seus carros, causam problemas no trânsito local e roubam o sol dos vizinhos, que moram em casas, "ou seja, trazem desarmonia ao interior do bairro", especifica.

Para ele, as incorporadoras devem construir em avenidas, nas laterais dos bairros, que têm infraestrutura adequada. Holzman não vê com bons olhos os megaempreendimentos que serão construídos no Menino Deus por conta da Copa do Mundo. "Usam essa desculpa para ter muito lucro. Fazem grandes negócios, sem que haja infraestrutura. Se apropriam da qualidade da cidade e não dão nada em troca. Ao meu ver, não beneficiam a cidade", reforça.

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