Recuperação da economia depende não só de bancos,
mas de elevação em taxas de investimento, diz instituição Crédito:
vanderlei almeida / afp / cp
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São Paulo - O movimento do governo, por meio dos bancos
federais, para diminuir os spreads (diferença entre os juros cobrados pelos
bancos nos empréstimos e as taxas pagas pelos bancos aos investidores), não
compromete a disposição do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
(BNDES) de fomentar o crédito de longo prazo. A avaliação foi feita pelo
presidente do BNDES, Luciano Coutinho, após participar do seminário Política
Industrial no Século 21, no Rio de Janeiro, na última sexta-feira.
O
presidente da instituição observou que na medida em que a taxa de juros vem
caindo, a diferença entre a taxa básica de juros (Selic) e a Taxa de Juros de
Longo Prazo (TJLP), praticada pelo BNDES em suas operações de financiamento,
"está se estreitando mais rapidamente do que se pensava". Coutinho acrescentou
que, na medida em que há a aproximação entre as taxas de curto prazo de capital
de giro e as taxas de longo prazo, esse processo de convergência torna mais
fácil - em uma situação em que a economia está crescendo abaixo do seu potencial
- que o governo se esforce para induzir o sistema de crédito a ter juros também
de capital de giro mais baixos.
Coutinho constatou que o sistema
bancário privado já reagiu de uma maneira positiva a esse desafio. "O que nós
precisamos", disse, "é ter a capacidade de induzir a recuperação da economia
brasileira para uma taxa condizente com o nosso potencial". Coutinho advertiu,
entretanto, que a taxa de crescimento depende também de um esforço de
investimento. "Uma economia que investe mais pode crescer mais e com
estabilidade", acrescentou. A meta, explicou o presidente do BNDES, é elevar a
taxa de crescimento do Brasil para 4,5%. "Isso vai depender de que o
investimento cresça e a taxa de investimento suba de 20% para 22%, 23%, 24% (do
Produto Interno Bruto-PIB), que a produtividade suba, que essas coisas aconteçam
simultaneamente para poder sustentar um crescimento de 4,5% ou mais", assinalou.
Como o país cresce hoje abaixo do nível citado por Coutinho, ele explica
que o esforço do governo está sendo feito para devolver a economia a uma
trajetória de crescimento. Na disputa por juros menores, calcula, haveria
dinheiro dos bancos privados para atender tanto a demanda de curto quanto a de
longo prazo.
De acordo com o presidente do BNDES, existe um "manancial de
poupança" concentrado em papéis de curto prazo. E revelou que está em discussão
avançada na área econômica a ideia de aperfeiçoar medidas tomadas no final de
2010 para estimular os papéis de longo prazo. "As debêntures privadas de longo
prazo já vêm crescendo dentro desse cenário e podem ocupar um espaço ainda
maior. Nós estamos trabalhando nessa agenda", destacou o
presidente.
Ainda conforme Coutinho, o governo tem por meta uma agenda
construtiva. "Não é só o juro se aproximar dos padrões internacionais, mas
também a configuração do sistema brasileiro se aproximar da configuração
internacional, para que o sistema bancário privado possa ser capaz de oferecer
crédito de longo prazo e para que o mercado de capitais seja a mola propulsora
de financiamento de longo prazo. E a poupança tenha incentivos para migrar para
prazos mais longos."
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