segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Microcrédito impulsiona pequenos negócios


Juros competitivos são o principal atrativo da linha oferecida pela prefeitura de Porto Alegre aos empreendedores

Mayara Bacelar

MARCELO G. RIBEIRO/JC
Faria, da Compuweb, optou pela modalidade e evitou as altas taxas do cheque especial
Faria, da Compuweb, optou pela modalidade e evitou as altas taxas do cheque especial
 
 
 
Os R$ 10 mil que o empresário Sérgio Faria tomou emprestado no programa de microcrédito orientado, disponibilizado pela Secretaria Municipal de Produção, Indústria e Comércio de Porto Alegre (Smic), deram um alívio ao início de ano, que sempre chega com uma demanda mais baixa em relação aos meses que se seguem às férias. Proprietário da Compuweb, que atua com a venda de produtos de informática e impressão, além de assistência técnica, Faria buscou o programa a fim de dispor de capital de giro sem precisar recorrer ao cheque especial, modalidade que apresenta altos juros sem possibilidade de parcelamento.

“A iniciativa é excelente, ajuda os pequenos empresários a passar por momentos mais difíceis ou mesmo investir na empresa e em novos produtos”, opina o empresário. Além de reconhecer as oportunidades geradas com o microcrédito, Faria lembra que os juros competitivos ofertados no programa também são um importante atrativo e facilitador na hora de optar pelo empréstimo. “Com juro de 0,64% ao mês, se torna muito atrativo, ainda mais nessa época no ano em que se precisa de capital de giro, é bem melhor do que utilizar o limite da conta”, destaca.

Enquanto isso, a vendedora autônoma Laídes Camejo Moraes pode encomendar mais peças de vestuário para comercializar aos seus clientes e resolver algumas pendências. Há 20 anos trabalhando no ramo, Laídes conseguiu investir mais e de maneira adequada ao aderir ao programa. “Gostei bastante do projeto, e com os juros baixos, a gente consegue fazer mais coisas”, afirma a vendedora. “E a orientação que tive no momento da contratação também foi muito útil.”

No total, a prefeitura já liberou R$ 300 mil em recursos para o programa. A coordenadora da Divisão de Desenvolvimento da Smic, Tatiane Faleiro, explica que o projeto concede quantias entre R$ 300,00 e R$ 15 mil, mas que a principal característica é a orientação dos agentes de crédito junto aos tomadores. De acordo com ela, são profissionais especialistas em analisar itens como fluxo de caixa e finanças, a fim de liberar um montante que não resulte em endividamento para os pequenos empreendedores. “A figura do agente de crédito é o grande diferencial em relação a outras instituições”, aponta a coordenadora, que acrescenta o potencial em gerar emprego e renda como um dos propósitos do programa de microcrédito.

Para contratar o serviço, os empreendedores precisam de um avalista, no caso da operação realizada individualmente. Quando os empreendimentos são coletivos, o crédito é solidário, com um empreendedor atuando como avalista do outro. Para operacionalizar o projeto, a Smic conta com o apoio da Agência do Crédito, entidade de Recife (PE) que atua com a análise creditícia. Enquanto isso, a Smic atua com a promoção do programa junto a comunidades de menor renda para fomentar o empreendedorismo nesses locais.

Tatiane afirma que um dos termômetros que sinalizam a aprovação e bom andamento do microcrédito orientado são os baixos níveis de inadimplência, que alcançam 0,5% dos empréstimos concedidos. Ela acrescenta que essa margem é relativa a atrasos no pagamento. “Nunca tivemos perda efetiva nos créditos, nenhum dos tomadores deixou de pagar a prefeitura, já registramos atrasos de alguns dias, uma situação normal no mercado”, argumenta.

Os bons resultados obtidos estão impulsionando a ampliação do programa. A coordenadora revela que já está em análise uma parceria com o Banrisul, que deve ser anunciada oficialmente em fevereiro.



Bento Gonçalves investe para ingressar em programa



De olho nas oportunidades de emprego que micro e pequenos empresários têm potencial para gerar, o município serrano de Bento Gonçalves está em trâmites para ingressar no Programa de Microcrédito Gaúcho. A negociação para integrar o projeto, promovido pelo governo do Estado através da Economia Solidária e Apoio à Micro e Pequena Empresa (Sesampe), está adiantada e deve entrar em operação após uma reunião que vai ocorrer entre março e abril.

Entre os principais propulsores da ideia estão a secretaria de Desenvolvimento Econômico do município o Centro da Indústria e Comércio de Bento Gonçalves (CIC/BG). Essa é a primeira vez que a cidade vai se integrar a um programa do gênero. “Depois dessas reuniões, que vão ocorrer entre março e abril, a liberação dos recursos é imediata, já que para contratação do crédito a burocracia é mínima”, afirma o presidente da CIC/BG, Jornado Zanesco.

O Programa do Microcrédito Gaúcho já disponibilizou R$ 4 bilhões em recursos por meio do Banrisul, que podem ser contratados em valores que vão de R$ 100,00 a R$ 15 mil. De acordo com Zanesco, há cerca de 1 mil pessoas no município entre MPEs e empreendedores individuais. “Esse é um excelente programa para trabalhar o conceito de economia solidária e desenvolver os micro e pequenos negócios.”


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